Para acomodar aliados, deverão ser negociadas as pastas da Educação para o União Brasil, da Agricultura para o MDB e da Saúde para o PP; até o PL deve ser contemplado, numa tentativa de rachar a legenda
Lula diz que não fará reforma ministerial, embora admita ajustes pontuais. Na prática, o presidente da República tenta minimizar a pressão do Congresso por mais espaço no governo. Tornou-se, porém, inevitável a troca de comando na articulação política e a abertura do Executivo para grandes partidos que hoje estão independentes. Como contei em Os Pingos nos Is ontem, a aprovação da ‘MP da Esplanada’ está longe de ser uma vitória do Planalto, mas concessão estratégica por parte do Legislativo. Arthur Lira não é trouxa de assumir o ônus da desestruturação do Executivo, muito menos de reduzir o espaço político que pretende ocupar com seus aliados na máquina pública. Na conversa entre Lula e Lira nesta semana, ficou acertada uma minirreforma ministerial.
No rearranjo interno do próprio PT, Alexandre Padilha deverá ser realocado no Ministério do Desenvolvimento Social, sendo substituído nas Relações Institucionais por José Múcio. A defesa passaria às mãos de Jaques Wagner, escolhido como relator da MP da Esplanada no Senado. O destino de Rui Costa permanece incerto, por enquanto. Para acomodar os aliados, deverão ser negociadas as pastas da Educação para o União Brasil, da Agricultura para o MDB e da Saúde para o PP. Até o PL deve ser contemplado, numa tentativa de rachar a legenda — o governo identificou cerca de 35 deputados que topam compor a base do governo. Lula também sinalizou ao Republicanos, mas Marcos Pereira já disse publicamente que não tem interesse.
Para além da distribuição de emendas e oferta de cargos, Lira disse a Lula que, para destravar a engrenagem política, o presidente precisa governar com o Congresso, que já não aceitar ser apenas um carimbador de propostas do Planalto. Se o petista montou seu governo contemplando apenas aliados eleitorais, agora precisa pensar em garantir governabilidade. Parafraseando Dilma Rousseff, se o PT e seus aliados não cederem, ninguém vai ganhar nem perder, vai todo mundo perder.
FONTE: JOVEM PAN