Dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam redução de 48 mil para 47 mil vítimas, na comparação com o ano anterior. Número é o menor desde 2011, quando o estudo teve início.
Dados divulgados pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública apontam redução de 48 mil para 47 mil vítimas, na comparação com o ano anterior. Número é o menor desde 2011, quando o estudo teve início.
O Brasil teve uma redução de 2,4% nos registros oficiais de mortes violentas intencionais ocorridas ao longo de 2022, em comparação com 2021. Dados divulgados nesta quinta-feira (20) pelo Anuário do Fórum Brasileiro da Segurança Pública indicam uma queda de 48,4 mil para 47,5 mil vítimas.
O número é o menor registrado desde 2011, quando o estudo teve início – à época, o país teve 47.215 casos de mortes violentas intencionais (classificadas por especialistas com a sigla MVIs).
As mortes violentas intencionais levam em conta os crimes de homicídio doloso, latrocínio, lesão corporal seguida de morte e feminicídio (veja no infográfico abaixo).
Entram nas estatísticas os dados envolvendo a atuação policial, tanto a letalidade (quando as polícias matam), quanto a mortalidade (quando agentes de segurança pública são mortos).
Os crimes de homicídio doloso (-1,7%) e latrocínio (-15,3%) apresentaram diminuição de 2021 para 2022, enquanto as lesões corporais seguidas de morte (18%) e os assassinatos de policiais (30%) cresceram no mesmo período.
Das cinco regiões do país, três tiveram alta nas mortes violentas intencionais: Sul (3,4%), Norte (2,7%) e Centro-Oeste (0,8%). As quedas ocorreram no Nordeste (-4,5%) e no Sudeste (-2%), o que puxou a redução geral dos números em todo o país.
Das 923 vidas poupadas em 2022, 889 delas foram na região Nordeste.
Nos estados, os números caíram no Amapá (-25%), em Roraima (-18,4%) e no Distrito Federal (-10,1%). Já Acre (21%), Mato Grosso (18,9%) e Rondônia (14%) tiveram crescimento das MVIs de um ano para o outro.
O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, publicou nesta quinta-feira (20) em rede social uma lista de ações planejadas pelo governo para lidar com o aumento de crimes violentos, como o estupro, e de casos de estelionato e racismo. Dino fala em “plano específico para a Amazônia” e controle de armas para combater alta da violência.
‘Sinais são preocupantes’, diz especialista
Para Renato Sérgio de Lima, diretor-presidente do Fórum Brasileiro de Segurança Pública, os números de 2022 indicam uma estagnação no processo de queda nas mortes violentas dos últimos anos.
Segundo ele, o dado ainda é positivo, mas deixa o alerta para que iniciativas sejam tomadas. Renato Sérgio usa como exemplo avaliações feitas sobre a inflação, quando economistas pegam os dados e projetam o que virá no futuro. “Esse ímpeto de fazer reforma na segurança parece estar perdendo força, e chega o momento de reforçar, porque os sinais são preocupantes”, afirma.
Em relação aos estados, Renato Sérgio de Lima avalia que a dinâmica do crime organizado ajuda a explicar a queda ocorrida na região Nordeste.
“As facções consolidaram posições e, de certa forma, o Nordeste vive situação parecida à de São Paulo nos anos 2000, de afirmação dos arranjos do crime organizado e da melhoria das políticas públicas de enfrentamento às mortes violentas”, afirma.
Enquanto a menor disputa entre grupos criminosos por território faz cair os números de MVIs no Nordeste, por outro lado, o aumento dos conflitos armados contribui para o crescimento no Norte.
“Temos um problema sério na Amazônia, como um hub e foco dos crimes. Há conflitos entre grupos como Comando Vermelho e PCC principalmente, mas entre 20 e tantas facções e milicias existentes. Quando se olha para o cenário local, percebemos todas essas informações que ajudam a entender o crescimento regional das MVIs”,