No agronegócio, há temor sobre volta à política de Dilma que gerou prejuízos bilionários no setor sucroenergético
A Petrobras anunciou nesta semana uma mudança na política de preços dos combustíveis. Em comunicado feito aos investidores, a companhia revelou que essa nova política de comercialização vai valer para o diesel e para a gasolina e irá substituir a paridade de importação, que levava em conta as flutuações do mercado internacional para a formação de preços internos. Segundo o presidente da companhia, Jean Paul Prates, a nova política tem o objetivo de “abrasileirar os preços”. “Esse modelo maximiza vantagens competitivas sem se afastar absolutamente da referência internacional dos preços. Não é paridade de preços, é referência internacional. (…) Estamos abrasileirando realmente os preços da Petrobras, mas sendo capaz de mitigar a volatilidade internacional ”, disse Prates.
Menos volatilidade é um sinal de controle de preço. A intervenção na formação dos preços dos combustíveis preocupa, pois o agro ainda se lembra da estratégia de controle de preços adotada pela presidente Dilma, que afetou a cadeia de açúcar e etanol, gerou a falência de usinas e prejuízos bilionários no setor. “Se for mesmo o que eles (Lula, Prates e Alexandre Silveira) tem dito de abrasileirar os preços dos combustíveis e mitigar a volatilidade, seria uma volta ao passado e uma volta aos erros que fizeram no governo Dilma. Espero que não se repitam os erros do passado, por isso sou mais otimista e penso que se trata de uma estratégia política usando a Petrobras para conquistar a opinião pública e dar fôlego às discussões do governo com o Congresso”, aponta Haroldo Torres, economista da Pecege Consultoria e Projetos.
A Organização das Associações de Produtores de Cana do Brasil (Orplana), por exemplo, declarou que o fim da paridade internacional irá impactar diretamente os produtores de cana de açúcar, já que o preço do etanol está atrelado ao da gasolina. Assim, uma vez havendo redução do seu valor, toda a cadeia sucroenergética sofrerá consequências. A União da Indústria da Cana de Açúcar não quis comentar o assunto. Diferentes analistas de mercado afirmam que a nova política de preços é pouco transparente. “O efeito é incerto porque a nova política que foi anunciada não deixa claro quais são os parâmetros que serão considerados na formação de preço da gasolina e do diesel. Foi anunciado um conjunto de conceitos que, no fundo, traz mais incerteza ao mercado em relação ao futuro da prática da fixação de preços das refinarias”, indica Plínio Nastari, presidente da consultoria Datagro. Até o momento não está claro como funcionarão essas novas regras e se essa mudança vai gerar de fato um controle mais direto dos combustíveis. O que, se confirmado, será um retrocesso.
FONTE: JOVEM PAN