Apesar desse progresso, a destruição florestal continua considerável, com aproximadamente 1.300 campos de futebol desmatados por dia nos três primeiros trimestres de 2023, superando os níveis anteriores a 2017
Com informações do site Imazon
Porto Velho, RO – Segundo o site Imazon, a Amazônia registrou em setembro o sexto mês consecutivo de redução do desmatamento, culminando nos primeiros nove meses de 2023 com uma área desmatada de 3.516 km², quase um terço do que foi observado no mesmo período de 2022, quando atingiu 9.069 km². Essa cifra representa o menor desmatamento dos últimos cinco anos, desde 2018.
Apesar desse progresso, a destruição florestal continua considerável, com aproximadamente 1.300 campos de futebol desmatados por dia nos três primeiros trimestres de 2023, superando os níveis anteriores a 2017. Em 2013, por exemplo, o desmatamento totalizou 1.008 km² no mesmo período, o equivalente a cerca de 370 campos de futebol por dia.
Carlos Souza Jr., pesquisador do Imazon, enfatiza que embora a redução seja significativa, é necessário fazer mais para controlar a perda de floresta na Amazônia. Isso é crucial para mitigar as mudanças climáticas e seus impactos, como secas e enchentes mais frequentes e intensas, que afetam as populações locais.
Somente em setembro, a Amazônia perdeu 546 km² de floresta, uma diminuição de 52% em comparação com o mesmo mês em 2022, quando o desmatamento alcançou 1.126 km². Apesar da queda, 2023 ainda registrou o quinto maior desmatamento em setembro dos últimos 15 anos, desde 2008.
O estado do Pará liderou o desmatamento na Amazônia nos primeiros nove meses de 2023, com 1.000 km² (29%) de floresta destruída, apesar de ter apresentado a segunda maior redução no desmatamento. No mesmo período de 2022, o Pará registrou 3.161 km² de desmatamento, uma redução de 68%. Essa queda, embora significativa, não foi suficiente para tirar o estado do topo do ranking, uma posição que também ocupou no ano anterior.
O maior desmatamento no Pará ocorreu em setembro, totalizando 257 km², principalmente na metade norte do estado. Almeirim e Prainha, municípios na região do Baixo Amazonas, apareceram pela primeira vez no ranking dos 10 municípios mais impactados pela destruição florestal naquele mês.
Outro problema persistente no Pará é o avanço do desmatamento em áreas protegidas. Em setembro, nove das 20 unidades de conservação e terras indígenas mais atingidas pela destruição na Amazônia estão localizadas nesse estado. Além disso, o desmatamento também avançou em assentamentos no Pará, com oito dos 10 mais afetados em setembro localizados ali.
Os estados do Amazonas e de Mato Grosso completam o ranking dos três maiores desmatadores da Amazônia entre janeiro e setembro de 2023, com 836 km² (24%) e 784 km² (22%), respectivamente. Ambos apresentaram reduções no desmatamento em comparação com o mesmo período de 2022, com uma diminuição de 65% no Amazonas e 43% em Mato Grosso. Na região sul do Amazonas, na divisa com Acre e Rondônia, conhecida como Amacro, a situação continua crítica, enquanto em Mato Grosso, a destruição florestal avança na metade norte, impulsionada pela pressão da expansão agropecuária, em particular pela pecuária. Estudos do Imazon têm sugerido que reformar pastos degradados pode ser uma alternativa mais econômica do que desmatar novas áreas.