A construção está localizada na BR-364, na Ponta do Abunã, e é homenagem merecida ao personagem que integrou a região ao estado de Rondônia
A Comissão de Serviços de Infraestrutura do Senado, aprovou nesta terça-feira (24), por unanimidade, o Projeto de Lei nº 2.755 de 2023, de autoria do senador Confúcio Moura (MDB-RO), que denomina a ponte sobre o rio Madeira localizada na BR-364, na divisa dos Estados do Acre e de Rondônia, de Ponte Governador Jerônimo Santana. A matéria terminativa nas comissões segue para a Câmara dos Deputados.
Para o senador Confúcio Moura, dar nome a uma ponte, a complexos viários – ou, mesmo, avenida ou rodovia – significa homenagear um cidadão por seus notórios serviços prestados à sociedade, para que seja lembrado e para que a história guarde seu nome e seus feitos. Segundo ele, o projeto que dá à ponte sobre o Rio Madeira o nome do ex-governador de Rondônia, Jerônimo Garcia de Santana, é uma homenagem que se justifica diante de suas significativas contribuições para o Estado e para o país.
Em seu relatório na Comissão de Infraestrutura, o senador Marcelo Castro (MDB-PI) destacou que o Rio Abunã, um dos maiores afluentes do rio Madeira, divide quase toda a fronteira norte entre a Bolívia e o Brasil – mais especificamente, com o Acre e com Rondônia. “É nesta região denominada Ponta do Abunã, na BR-364, que a estrutura de concreto e aço, uma das maiores já erguidas pela engenharia na Amazônia, com 1,5 quilômetro de extensão foi edificada”, disse.
A Ponte sobre o Rio Madeira, na BR-364, iniciada em 2014 e inaugurada em maio de 2021, além de ligar Porto Velho a si mesma, ajudará no desenvolvimento dos distritos de Fortaleza do Abunã, Vista Alegre do Abunã, Extrema e Nova Califórnia, explicou o relator. “Esses distritos, por estarem do outro lado do rio Madeira, sentiam-se mais pertencentes ao Acre do que a Rondônia. Com a integração promovida, essa população finalmente estará mais assistida pelos serviços municipais”, enfatizou Marcelo Castro.
De acordo com o senador Confúcio Moura, atribuir o nome de Jerônimo Garcia de Santana a essa obra se justifica tanto pela extrema importância da Ponte quanto pela proeminência de uma das figuras mais emblemáticas da história política de Rondônia. “Por tais razões, consideramos justa e merecida a homenagem ao grande líder político de Rondônia, que, com sua determinação e visão, deixou uma marca indelével na história de nosso País”, afirmou o parlamentar.
Quem foi Jerônimo Santana – o Homem da Bengala
Jerônimo Garcia de Santana nasceu em Jataí, Estado de Goiás, em 29 de outubro de 1934. Filho de Lúcio Garcia Santana e Julieta Vilela Veloso, formou-se em Direito pela Universidade Federal de Minas Gerais, em 1963. Foi na política rondoniense, todavia, que se tornou um homem público notório por mais de trinta anos.
Foi militante do Movimento Revolucionário Oito de Outubro – MR8 e ingressou no MDB, vindo a ser eleito deputado federal por três mandatos seguidos, em 1970, 1974 e 1978. Com a reforma partidária efetuada durante o governo João Figueiredo, Jerônimo ingressou optou por ficar no PMDB e foi candidato a senador em 1982.
Eleito prefeito de Porto Velho em 15 de novembro de 1985, veio a ser empossado apenas no primeiro dia do ano seguinte. Em maio de 1986 renunciou ao cargo a fim de disputar as eleições de novembro, ocasião em que foi o primeiro governador de Rondônia a ser eleito pelo voto direto.
Além dos inúmeros feitos e contribuições de seu mandato para o estado de Rondônia e para o desenvolvimento da região Norte, Jerônimo também foi relator da CPI da Terra (Sistema Fundiário Nacional), bem como membro das CPIs das Áreas Indígenas, da Política Mineral e da Ocupação da Amazônia.
Apesar de todos esses méritos, a principal justificativa para homenagear Jerônimo Santana nessa região específica está no fato histórico de que foi ele que enfrentou o desafio de reintegrar ao estado de Rondônia meio milhão de hectares de terras na Ponta do Abunã.
A Ponta do Abunã integrou o território boliviano até 17 de novembro de 1903. Nessa data, foi firmado, na cidade de Petrópolis, no Rio de Janeiro, acordo diplomático entre os governos brasileiro e boliviano que anexou ao Brasil o território do Acre.
Durante a década de 1980, a indefinição sobre a unidade federativa à qual o território seria integrado, levou a conflitos. Nem mesmo a criação do estado de Rondônia, pela Lei Complementar nº 41, de 22 de dezembro de 1981, impediu que os vizinhos continuassem a considerar consolidada aquela faixa de terras. Como governador, Jerônimo Santana lutou persistentemente pela incorporação da Ponta do Abunã ao território rondoniense, não medindo esforços para lograr esse objetivo.
Assim, se o município de Porto Velho continua até hoje com seus 34 mil quilômetros quadrados, área individualmente maior que a dos estados de Alagoas e Sergipe, isso se deve à estratégia e à disposição de Jerônimo Santana.
Jerônimo Garcia de Santana faleceu na manhã do dia 11 de setembro de 2014, aos 79 anos. Seu corpo foi velado e sepultado no Cemitério Campo da Esperança, em Brasília.
Sua origem humilde foi a base sólida para esse governante que sempre demonstrou comprometimento e paixão pelo bem-estar do povo.
Jerônimo foi conhecido por sua habilidade nata em estabelecer diálogos e construir pontes entre grupos variados, evidenciando uma capacidade diplomática e visionária raramente vista.