Para o entorno de Jair Bolsonaro, vazamento de áudios de Mauro Cid com críticas à PF e a Alexandre de Moraes seria um “desabafo orquestrado”
Marcelo Chello/Especial Metrópoles
O ex-presidente Jair Bolsonaro e seus aliados mais próximos viram com desconfiança o suposto vazamento de áudios de Mauro Cid criticando a Polícia Federal e o ministro do STF Alexandre de Moraes.
Nas gravações, reveladas pela revista Veja, Cid critica a forma como a PF conduziu seu interrogatório durante a colaboração premiada, sugerindo ter sido pressionado a confirmar uma “narrativa pronta”.
“Eles já estão com a narrativa pronta. Eles não queriam saber a verdade, eles queriam que eu confirmasse a narrativa deles. Entendeu?”, afirma o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro em um dos áudios.
Em outra gravação, Cid diz que Moraes “é a lei”. “Ele prende, ele solta, quando ele quiser, como ele quiser. Com Ministério Público, sem Ministério Público, com acusação, sem acusação”, afirmou.
“Desabafo orquestrado”
Como noticiou a coluna, Cid confirmou a interlocutores a veracidade dos áudios. O tenente-coronel disse que as gravações seriam um “desabafo” com um amigo, cujo nome não se recordava no momento.Play Video
Para Bolsonaro e seus aliados, o conteúdo e o formato dos áudios indicam que Cid e sua equipe de defesa podem ter “orquestrado” a divulgação dessas gravações com algum objetivo específico.
“É um desabafo orquestrado. O áudio está limpo, bem construído”, avaliou à coluna um auxiliar de Bolsonaro, que diz ainda tentar entender o real objetivo do ex-ajudante de ordens com a divulgação dos áudios.
O que diz a defesa de Cid
Em nota, a defesa de Cid afirmou que os áudios seriam “clandestinos”, mas reforçou a tese de que o conteúdo “não passam de um desabafo” em que o militar relata o momento difícil e angústia pessoal pelo qual passa.
Os advogados dizem ainda que “não subscrevem” o conteúdo dos áudios e que as gravações, “de forma alguma, comprometem a lisura, seriedade e correção dos termos de sua colaboração premiada”.