16.7 C
Brazil
Monday, July 22, 2024
HomeBRASILO grande erro de Lula nos 60 anos do golpe

O grande erro de Lula nos 60 anos do golpe

Date:

Related stories

Inovação e sustentabilidade no campo serão apresentadas na Rondônia Rural Show Internacional

As instalações dos estandes no Centro Tecnológico Vandeci Rack,...

Prazo para regularizar o licenciamento anual de veículos com placa final 4 vai até dia 30

Detran-RO alerta motoristas para regularizar licenciamento anual. Motoristas e proprietários...

Começa hoje o julgamento que pode cassar o mandato de Sérgio Moro

A equipe de Moro informou que o senador não...
spot_imgspot_img

O regime iniciado em 1964 é responsável por radicalizar e consolidar todas as desigualdades que castigam o nosso povo – e que Lula pretende combater com seu governo

Lula cometeu seu maior erro como presidente ao vetar que o Estado brasileiro promovesse cerimônias para rememorar os 60 anos do golpe de 1964. Não se trata apenas da relação entre democracia e o 8 de janeiro, o que supostamente justificaria a decisão do presidente, no sentido de apaziguar a relação com os militares. O problema é que o presidente coloca como centro estratégico do seu terceiro mandato o combate às desigualdades. E não é possível entender e superar as desigualdades brasileiras sem falar na ditadura militar.

O regime iniciado em 1964 é responsável por radicalizar e consolidar todas as desigualdades que castigam o nosso povo – e que Lula pretende combater com seu programa de governo. Foi um golpe foi liderado pela alta cúpula militar com apoio estrutural e decisivo das elites econômicas civis e do governo dos Estados Unidos, a partir de um sentido que unificava esses setores: derrotar definitivamente as diversas mobilizações populares – de trabalhadores fabris, camponeses, da juventude, entre outras – que pressionavam por um novo arranjo político e econômico centrado na distribuição mais igualitária das riquezas que o país produzia e dos meios de produção dessa riqueza.

O regime militar de 1964 teve absoluto sucesso nessa missão – e por isso foi apoiado pela burguesia brasileira e pelo governo estadunidense por duas décadas, só sendo abandonado quando deixou cumpri-la. Tal êxito resultou em um país extremamente desigual, com ilhas de riqueza convivendo com uma massa de pobres sem acesso às mínimas condições de vida digna.

A obscena e inaceitável situação de dezenas de milhões de brasileiras e brasileiros passando fome, prioridade número zero do governo Lula, é um projeto que vem do processo de colonização do Brasil e que poderia e teria sido derrotado no século XX não fosse o golpe de militar de 1964. Se ainda hoje o presidente precisa estruturar uma ação estatal para tirar o país do mapa da fome, isso se deve em grande parte aos militares no poder e afirmar isso é uma condição fundamental para que esse quadro não se perpetue.

Outra desigualdade que foi aprofundada pelo regime militar de 1964 é a dimensão do racismo estrutural. As múltiplas violências contra as pessoas negras no Brasil resultam do processo histórico de escravização, o qual durou formalmente quase três séculos e que trouxe de modo forçado ao nosso território, pelo menos, dez milhões de pessoas escravizadas oriundas do continente africano. Pior, quando a sociedade brasileira decidiu por encerrar legalmente a escravidão, isso foi feito sem qualquer política de integração da população antes escravizada, tais como reforma agrária e garantia de emprego e renda.

Os militares no poder aprofundaram as desigualdades raciais em pelo menos três dimensões estruturais. Além da econômica que já tratamos nesse texto, a Ditadura Militar radicalizou o racismo na dimensão da violência estatal e da segregação urbana.

Com relação às violações de direitos humanos perpetradas por agentes do Estado, para além da grave perseguição à militância das organizações de esquerda, a naturalização da violência das Polícias Militares é provavelmente o pior e mais duradouro legado do regime militar. Passados 35 anos da promulgação da Constituição de 1988, as PMs seguem com licença para matar e violar direitos humanos, o que ocorre majoritariamente com pessoas negras moradoras de favelas e periferias das grandes cidades brasileiras. Lula tem afirmado seu compromisso com combate ao racismo estrutural e não é possível dar consequência a isso sem marcar o papel dos militares na violência tanto na ditadura quanto pelas PMs durante o regime democrático.

A desigualdade urbana é outra herança maldita que o presidente precisa enfrentar hoje. Foi no regime militar que o Brasil consolidou sua urbanização desigual, com a maioria da população vivendo em cidades e não mais no campo. Dezenas de milhões de famílias, em sua maioria de pessoas negras, migraram para as cidades e foram empurradas pelo modelo econômico e pela ação do Estado para as favelas e periferias, vivendo sem moradia digna, sem transporte de qualidade, sem educação e saúde, enfim, sem direito à cidade.

O governo Lula desenvolve uma série de políticas públicas para as favelas e periferias, criando inclusive a Secretaria Nacional de Periferias no Ministério das Cidades e não falar do papel da ditadura militar na consolidação das desigualdades urbanas é limitar o alcance dessas políticas públicas.

Por fim, mas não menos importante, é crucial trazer a relação com a natureza, tema cada vez mais urgente em tempos de emergência climática. Novamente, a relação predatória do modelo econômico capitalista com os biomas brasileiras não foi inventada pela ditadura, mas coube aos militares consolidar e avançar a exploração irresponsável da Amazônia e do Cerrado, apoiando a expansão do agronegócio, da mineração, do garimpo, muitas vezes de modo violento contra os povos indígenas, populações ribeirinhas, trabalhadores do campo. Se hoje o Brasil pode se colocar na vanguarda das ações efetivas de combate às mudanças climáticas, isso precisa ser feito ressaltando o papel dos militares na destruição do meio ambiente em nosso país.

Em suma, é preciso lembrar para nunca mais acontecer a ditadura. E lembrar para que possamos de fato combater às desigualdades que os militares no poder aprofundaram.Fonte: Carta Capital

Subscribe

- Never miss a story with notifications

- Gain full access to our premium content

- Browse free from up to 5 devices at once

Latest stories

spot_img

LEAVE A REPLY

Please enter your comment!
Please enter your name here

porn
london escorts
betoffice
uluslararası zati eşya taşımacılığı türkiyeden almanyaya ev taşıma uluslararası evden eve nakliyat türkiyeden kıbrısa evden eve nakliyat türkiyeden kıbrısa ev taşıma fiyatları türkiyeden ingiltereye evden eve nakliyat yurtdışına ev taşıma zati eşya taşımacılığı
deneme bonusu veren siteler